sábado, 23 de fevereiro de 2008

TUDO OU NADA

O que é o tudo?
O tudo pode ser pouco ou tem que ser muito?
Eu me faço sempre essa pergunta quando alguém diz assim:
"jamais viveria aqui neste fim de mundo, longe de tudo..."
Como assim, longe de tudo?

Para quem mora e nunca sai da Ilha da Assunção, em Cabrobó, Pernambuco, o tudo acaba no Rio São Francisco. Para quem vive e mora em Florianópolis poderia ser quase do mesmo jeito. E pode não ser. Você faz o seu tudo. E ele pode ter alguns hectares, uma casa, uma lavoura. O tudo não precisa ser o mundo. O tudo não precisa conter o Rio de Janeiro.



Viver no Rio de Janeiro era tudo para uma amiga minha. Quando foi para lá, viu que mal saía do bairro, que ia da casa para o trabalho, que Pão de Açúcar e Cristo Redentor eram apenas figuras decorativas. Praia? Uma vez por mês. No máximo. Os olhos alcançavam um tudo maior. Não ela nem precisava de tanto para ser feliz. O tudo não precisa conter Nova York.



Uma outra amiga estava cheia de morar no Rio. "Ah, sempre as mesmas pessoas, sempre os mesmos lugares...", dizia ela, irritada. Como assim, pensava eu. Nem em Santa Maria eu dizia isso, que dirá no Rio de Janeiro. Pra onde ela queria ir? Nova York, claro. A capital do mundo. Seria mesmo preciso?



Por que um lugarzinho no meio do nada é considerado longe de tudo? os lugares registrados nessas fotos ficam distantes 30 ou 40km da cidade mais próxima. Que tem hospital, lojas e cemitério. O resto, quem mora aqui, tem em casa. Tudo. Ou quase tudo. A ambição faz com que o pouco seja considerado nada. Que isso? Pouco pode ser tudo, sim. E muita gente é feliz com ele.

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