quarta-feira, 19 de novembro de 2008

TRÊS MOTIVOS NÃO DÁ

Tem várias situações que definem uma entrevista ruim. Vou citar uma porque aconteceu hoje. É o tipo da coisa que não pode acontecer em uma matéria de televisão. Eu faço a pergunta e o cara responde: "Isso acontece por três motivos." Bah... se ele diz isso eu já sinto um frio na barriga. Vem bomba. Três motivos? Geralmente, quem diz isso, não vai sintetizar a resposta em uma única frase. A resposta é quilométrica ou rende minutos de gravação. Ou seja, não serve para uma reportagem de tv.



O cara diz: primeiro, porque assim assado, assim, aquilo outro, e tal e coisa e nada e nunca e etc e tal. Em segundo lugar, porque aquilo outro não pode ficar mais importante do que aquilo ali. E aquilo ali tiriri e tarará. Podia parar por aí, não podia? Mas tem o terceiro motivo. Quase sempre ele chega depois de um minuto do início da conversa. Meu amigo... como eu vou colocar uma resposta como essa em uma matéria de um minuto e pouco. Não dá. Não dá. Três motivos precisam ser rápidos, pequenos, editados pelo próprio entrevistado. E não é o que acontece. Pelo menos comigo. Quando chega na tv, dá merda. O jeito é sintetizar os dois motivos no off, que é o texto lido pelo repórter e deixar que o sujeito fale apenas um deles. Solução ruim, mas a mais acessível.

A resposta dos três motivos tem ainda um outro problema. Já aconteceu comigo, por isso estou contando. O cara começa falando do principal, do primeiro motivo, daquela coisa importante e perigosa. Depois dá uma pausa e diz: o segundo motivo é tal coisa. E fala, e fala, e fala. E pára. Isso aí. Ele pára. Não fala o terceiro motivo. Não sei se esquece ou se não havia um terceiro motivo. Mas ele pára, como se não tivesse falado no começo que a tal coisa acontece por três motivos. PQP! É pra quebrar a edição da matéria mesmo. Parece que o sujeito quer ser cortado. Mais uma vez, a saída é escrever em uma ou duas frases curtas o resuminho do primeiro motivo e deixar que ele fale o segundo. E claro, cortar do início da resposta, aquela história de que eram três causas para a situação.

Eu não sei se você conseguiu entender o teor do meu desabafo. Talvez não tenha ficado bem claro para quem está lendo. Talvez nem pareça importante. Mas é isso. Prefiro poucos motivos. Prefiro quem fale menos. Aplaudo quem sabe editar as próprias falas. Esses são os entrevistados perfeitos. São raros. Mas existem.

4 comentários:

Fala garoto, fala garota. disse...

Em primeiro lugar, temm que ser fera pra não só lembrar de 3 motivos como também explicá-los sem se perder já na primeira resposta, eu não conseguiria.
Em segundo, coitado do editor, que tá na ilha esperando essa matéria. Se o repórter como tu não pensa em botar as 2 respostas no off, impossível emendar as 3.
Em terceiro, se o cara esqueceu do terceiro motivo, azar o dele, melhor pra ti! Menos um motivo. hahahahahahah
Bjo, saudade da gauchada nervosa....

\o/ Hugo \o/ disse...

Eu concordo contigo... e isso, por três motivos!

O primeiro... ahhhhhhh, não vou fazer isso contigo amigo!!!

HEEHEHEHEHEHE

Abraço.

LU K. disse...

Cris.... cara, eu te entendo. Sinto essa irritação inquietante quando o entrevistado começa falando nos tais motivos. Mas já conheci aqueles que simplesmente listam os 3 (ou mais) motivos em 10 segundos. O m-á-x-i-m-o! Mas tem outras situações que incomodam bastante.... como aqueles caras prolixos. Aqueles que usam uma frase explicativa no meio, mas não terminam a frase principal. Argh!!! iniciam a frase dizendo "eu acredito que esta situação, que começou lá em tec tec..." e não fala o que acha da situação! Que coisa mais chata!!!

Unknown disse...

ahahahahahahahahaha, sensacional! e irritante!