Se uma imagem vale mais do que mil, eu não precisaria de nenhuma palavra neste post para relembrar o que escrevi ontem. Mas segue abaixo o vídeo que mostra o que contei. A viagem que começou de dia e invadiu a noite na Amazônia...
Vamos para a parte 2 desta história. Uma hora de caminhada na floresta de noite e com chuva. Já falei aqui, mas tem gente que não acredita. Como não tenho fotos para provar, só vendo a matéria que vai ao ar nesta terça, no Rural Notícias, às 19h. Não precisa mais do que duas frases para eu contar e você ver a situação que a gente enfrentou. É bom lembrar que nada disto foi planejado. O pessoal do governo do estado do Acre, que organizou a aventura, esperava que a gente chegasse na Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema no final da tarde. Que pena que não foi!
A sede da reserva tem um motor que fica ligado até tarde e produz energia. Por isso, após o breu que parecia eterno, encontramos luz. Era o fim do túnel.
Para aliviar o cansaço, o povo nos esperava com um banquete. É sério. Não lembro muito bem o cardápio, mas comemos feito animais. Imundos, nos deparamos com um banheiro sem eletricidade. Estava sujo, claro. Tão ou mais sujo que a gente. A água fria sobre o lombo me fez quase gritar de frio. Uma ensaboadinha ali, outra aqui. E cadê a toalha? As toalhas que seriam enviadas para a gente estavam com uma das assessoras, em um barco que ainda não tinha chegado. O jeito foi me secar com a camiseta que estava usando antes. Não secou muito direito, mas a sensação de banho tomado é única, sempre e em qualquer lugar. Até nos confins acreanos.
O último barco chegou quando meus olhos mal paravam abertos. Aquele monte de gente circulava pela casa que tinha 3 quartos e uma imensa varanda. E ninguém dizia onde a gente iria dormir. O jeito foi ir se encostando. Duas camas em cada quarto e colchões pelo chão. Na noite anterior, eu tinha dormido três horas por causa da viagem. Chegamos em Rio Branco às duas da manhã. E naquele momento, só precisava de um canto para desabar. Me apossei de um cama no canto do quarto enquanto os outros encaixavam os colchões nos espaços restantes. E na sala? Eu diria que pelo menos umas dez redes foram armadas. E lá fomos nós: assessores, jornalistas, barqueiros, povo da floresta, para uma longa noite de sono.
E bota longa nisso. Tinha barulho o tempo inteiro. A casa não tinha teto e os ratos andavam de um lado para outro sem cerimônia. A menina da Record disse que viu um passando rente ao seu colchão. O Adriano, de Goiânia, sofreu com um bicho que dava coices na parede do lado de fora. Era um jumento que virava o lixo, disseram no outro dia. Nunca saberemos se era verdade. Minha briga foi com os mosquitos. Eles simplesmente ignoraram os repelentes. O jeito foi puxar as mangas do moletom até o fim dos dedos e cobrir a cabeça com o capuz, deixando só o nariz de fora. Mesmo assim, ele foi alvo dos malditos. O zzzzzzz durou a noite toda, junto com os roncos, risadas e os sons de quem não conseguia esconder a flatulência. Durma-se com uns barulhos desses!
A foto é do povo feliz no dia seguinte, finalmente conhecendo a Reserva Extrativista. Mesmo com muito sono!
segunda-feira, 8 de junho de 2009
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5 comentários:
Esta é a verdadeira indiada!!
Pobre do Mimoso, quase foi devorado por mosquitos acreanos.
Adorei o vídeo, ficou muito bom com a música cantada pela Elis Regina.
A dupla de Cristianos é uma dessas preciosidades que o jornalismo tem. Feliz quem pode apreciar o trabalho deles: ousado, objetivo, com toda essência que se exige de quem entra na floresta. Não apenas mosquitos nos atormentaram por lá: um colchão de ar, esvaziado durante a madrugada, voltou a funcionar direitinho. No entanto, a barulheira somou-se à do jumentinho que revirou o lixo fora da casa e tirou o sono do goiano. Parabéns, Cristianos, por tão ricas reportagens que vimos e ainda veremos no Canal Rural.
Cara, que espetáculo essa viagem, e não me venha dizer que não és um poeta. A poesia esta na simplicidade da verdade. O jeito que tu escreve, prova issso. Abraço grande mestre.
O relato tá muito tri mas a tua foto todo sujo e com o sorriso mais sem graça do mundo tá muuuito boa!!
O último comentário Anônimo é do Silvio Barbizan, que finalmente dá o ar da graça por aqui.
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