quarta-feira, 31 de outubro de 2007


ESTOU COM EPICONDIELITE

- A senhora anda levantando peso?
- Capaz, eu tô me cuidando.
- Mas tá se cuidando mesmo, Dona Alzira? Por que pra estar sentindo essa dor, só se a senhora estiver levantando peso.
- Ah, mas levantar uma chaleira não é levantar peso, não, é doutora?
- Uma chaleira cheia?
- É, mais ou menos.
- Claro que é peso, Dona Alzira.
- Mas então como vai ficar o serviço de casa?
O serviço a "doutora" não sabe. Mas o braço da Dona Alzira está de um jeito que é de dar dó. Ela sente dores horríveis há mais de quinze anos, passou por diversos hospitais e só agora começou a fazer fisioterapia.

Eu ouço muitas conversas durante as sessões na clínica do bairro Santana. Comecei na semana passada antes que comece a demorar como a Dona Alzira demorou. Estou com epicondielite. É uma lesão no epicôndio, um ossinho no braço, no cotovelo. Dói há um mês e pouco e por causa disso parei de ir pra academia. Faço sessões de choque, laser, exercícios e muito gelo. Gelo é o antiinflamatório natural, segundo a fisioterapeuta. Foram três sessões e nesta semana vou fazer direto, todos os dias. Em pelo menos dois deles, teve bolo de manhã cedo. O primeiro era de aniversário. A fisioterapeuta chefe estava de parabéns a você. Não comi o bolo porque tinha acabado de tomar café. No outro dia, bolo de novo. Uma das pacientes levou um, de nozes com nata. Bem no meu chão. Mas tinha acabado de tomar café e não comi de novo. Que coisa isso... As pessoas chegam lá na clínica felizes... Vão para levar choque, ficar encostado no gelo ou fazendo exercícios chatos e cansativos. E gostam. Vai ver o bom é a companhia mesmo. Curar o epicôndio em casa é chato demais. Nem com a nova compressa de gelo, maior do que a que eu tinha antes. Quinze minutos e parecem horas. Sem a dona Alzira, sem os bolos, sem os parabéns, fica ainda mais difícil da dor ir embora.

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