CADÊ A MOÇA DO TEMPO?


Quem procura, não acha. Pode esperar o jornal do meio-dia, da noite. Nem no BDDF ela aparece. É mais uma coisa estranha de Brasília. Já tinha ouvido falar que a capital federal não tinha esquinas - o que não é verdade-, que tudo que tem em uma asa tem na outra, que na primavera a umidade do ar é tão baixa que chega a sair sangue do nariz das pessoas, que a gente tira as roupas da máquina e antes de terminar de estender no varal elas já estão secas. É. Ouvi muita coisa estranha sobre Brasília. Mas nunca, nunca alguém havia falado que a TV de lá não tem moça do tempo.



Depois, analisando melhor, pensando bem, até que faz sentido. A cidade fica mais de seis meses na maior secura. Sem nenhuma gota d´água que cai do céu. Conversei com um taxista, semana passada, quando estive lá, e ele falou na maior naturalidade, que antes de um temporal que houve no início de novembro, não garoava há mais de meio ano. Um clima diferente para uma cidade diferente.

É ótimo tirar fotos em Brasília. Tem um prédio interessante a cada esquina. E tem esquina, sim. Tem uma luz que parece diferente da de outros lugares. Só não tem chuva. Não com a mesma periodicidade que a gente está acostumado aqui no sul. Então, porque cargas d´água deveria ter moça do tempo?



A função da moça do tempo, nos telejornais de todos os estados que chovem, é fazer aquele suspense antes de dar a previsão. Tem telejornais que até se utilizam dela para chamar o telespectador para o bloco seguinte: será que chove no fim-de-semana? Não perca daqui a pouco, na nossa previsão. Em Brasília, tudo isso é desnecessário. Os telejornais exibem uma arte na tela, um quadro, com as temperaturas mínimas e máximas para o dia seguinte. No máximo, um desenho de uma nuvenzinha ou outra. Sem suspense. Sem mais delongas. Sem moça nenhuma para um tempo que é quase sempre igual. É diferente esta Brasília.