O PARAÍSO FICA AQUI

É um lugar que ninguém espera encontrar pela frente quando viaja em busca dos das municípios que sofrem com a estiagem. Mas de repente, surge este cenário. Um riacho que parece saído de um quadro, de um desenho, de uma história de fantasia. A água é tão limpa que se enxerga o fundo com mais um de metro de profundidade. A paisagem é serena, tranquila. Dá vontade de atar uma rede nas árvores e passar a tarde ali, ouvindo o barulho da água, até sentir vontade de cair na sanga e matar o calor. Um paraíso diante dos nossos olhos, no interior de Porto Xavier.



O dono de tudo isso é o Seu Evaldo Rilialva. O agricultor diz que não existe uma vertente como a dele na região. Sempre teve água. E ainda tem em abundância. O riacho corre nos fundos da propriedade e ele construiu na margem um trampolim de madeira para a alegria dos netos. A gente só conheceu a sanga do Seu Evaldo porque ela é um dos pontos onde a prefeitura busca água nos caminhões-pipa para distribuir nos açudes que estão secos na vizinhança. E açude seco é o que mais tem. Por isso, quatro tanques carregam 170 mil litros de água por dia.



Nós acompanhamos o trajeto de um dos caminhões. Ele retirou 10 mil litros da água da sanga do Seu Evaldo. De lá, seguiu para uma propriedade a uns dois ou três quilômetros, onde os animais estão sem o que beber.



A operação toda durou menos de uma hora. A água foi despejada em um dos cantos do açude. Mas não deu para encher nem 25% da área dele.



Como o Seu Afonso nos contou e eu relatei no post anterior, a água que se espraia pelo açude seco não dura mais do que dois ou três dias. E não é porque os animais se atraquem a beber, mas porque a terra suga e o sol faz evaporar com facilidade. Enquanto a chuva não vier, o mais comum é encontrar açudes vazios. A prefeitura nunca será tão rápida quanto a seca.