sábado, 2 de maio de 2009
O POÇO DO SEU AFONSO
Quando decidiu comprar um pedaço de terra no interior de Porto Xavier, na fronteira do Brasil com a Argentina, Afonso Theis só tinha uma coisa na cabeça. "Queria um sítio que tivesse uma boa vertente, para que nunca faltasse água", conta ele. Por mais de trinta anos, o lugar foi um paraíso. "Tinha água para a gente beber, para usar no banheiro, para lavar roupa. E nunca precisei usar o poço para matar a sede dos bichos, porque eles tomavam água no açude." Foi assim até mesmo durante a seca de 2004/2005, uma das maiores dos últimos anos. Mas o poço do seu Afonso, agora, está secando.
O senhor de 72 anos não sabe mais o que fazer. É só puxar um balde de água e a vertente não enche mais o poço. Não é como era antes, quando ele tirava o quanto queria e sempre tinha água lá dentro. Agora, o que sai do poço é dividido entre a família e as vacas que estão no pasto. E elas, magrinhas, nem tem mais o que pastar.
Uma vez por semana, um caminhão pipa despeja 10 mil mitros de água no açude. A fartura dura pouco. No mesmo dia, a água já foi toda embora. Seu Afonso não é nada otimista. "De agora em diante só vai piorar", profetiza.
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