terça-feira, 9 de junho de 2009
O PAU-DE-ARARA ACREANO
Você já viu um pau-de-arara? Pelo menos sabe o que é um? O dicionário diz que o termo é originário do costume de se amarrar aves, para a venda, numa vara, onde as mesmas ficam penduradas para o transporte. Por causa disso é que ele ganhou outras duas analogias. A primeira é um instrumento de tortura, largamente usado no período da ditadura militar. O outro eu acredito que seja o das fotos deste post.
O transporte irregular de pessoas chamado de pau-de-arara é mais comum no nordeste do país. Mas tem muito no norte, também, como eu pude constatar. As fotos foram tiradas na semana passada, quinta-feira, quando eu e o cinegrafista Cristiano Mazoni terminávamos o trabalho na cidadezinha de Xapuri, no oeste do Acre.
Antes de sair da cidade, parei no posto de combustíveis para abastecer. Foi uma demora sem tamanho até que o frentista nos atendesse. Muitas pessoas estavam pegando gasolina em galões, sabe-se Deus para quê. E tinha também o tal do pau-de-arara. Você não consegue ver pelas fotos, mas tinha de tudo. Não só cachorro, mas gato, galinha e bola de futebol.
Famílias inteiras amontoadas na carroceria do caminhão e um bocado de gente em pé. Um transporte tão irregular quanto perigoso. Como fiquei tirando as fotos para registrar a situação, não tive tempo para tentar descobrir de onde vinham e para onde iam. O caminhão seguiu, daquele jeito mesmo. Polícia? Não vi nenhuma pelo caminho. Também, não poderia cobrar nada da polícia na cidade onde Chico Mendes foi morto a tiros, na porta de casa, com dois seguranças na cozinha jogando dominó. Em breve eu conto como foi conhecer Elenira, a filha do seringueiro e Seu Nilton, o homem que vai nos apresentar o coração da floresta.
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5 comentários:
que céu impresionantemente azul. belas fotos, sem dúvida. e, sim, tem coisas que são meio difíceis de acreditar, né?
Deus fez o céu e o Picasa ajudou a pintar.
Chego à conclusão de que todos somos muito finos aqui no Sul... Já andei de transportes no mínimo duvidáveis no Rio e no Nordeste. Combe, jegue, vale tudo!
(ah, e pra quem quer ver imagens, e não só pelas fotos, assistam à série do Cris no Rural Notícias, 19h!)
só deixo o meu cariri... (no caso, xapuri...)
daqui pra cima é outro mundo, cumpádi... que loucura!!!
adoramos tua passada-vapt-vupt pelo planalto. volta?
beijooooo
O pau-de-arara nordestino deu a Mário de Moraes e Ubiratan de Lemos o primeiro Prêmio Esso, na extinta revista "O Cruzeiro". Imaginem: eles entraram no meio daquela gente, em Campina Grande (Paraíba). Subiram no caminhão se passando por paus-de-arara e enfrentaram 11 dias de viagem até o Rio de Janeiro.
E você chega ao Acre em pleno Terceiro Milênio, deparando com esse transporte ainda vivíssimo. Sorte dos acreanos que o Estado é pequeno, as distâncias são curtas, os motoristas "bãos" e a coluna vertebral deles parece vergar menos que as dos demais brasileiros. Excelentes flagrantes, bela informação. Parabéns!
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