quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MEUS VIZINHOS DE "A VILA"



Não sou muito amável com os meus vizinhos. Na verdade, apenas cumprimento e era isso. Acho o fim da picada ficar conversando em elevador com quem a gente não conhece. Um dizendo uma bobagem para o outro, coisas do tempo. Pra quê? Mas se chega uma senhora eu abro a porta, ajudo a levar compras, sou gentil na medida da boa educação. Nada além disso.

Tem uma família de vizinhos aqui no prédio que é muito estranha. Ela é formada por um casal e uma guriazinha loira. Eles estacionam o carro ao lado do meu na garagem e por isso a gente sempre se cruza. Eu sempre cumprimento. Eles, nem sempre respondem. São estranhos porque a mulher se veste de forma antiquada. O homem também. Usam óculos, cabelos compridos. E as roupas, eu juro, devem ser dos anos 70. É como se ao vê-los eu estivesse vendo um filme da década em que eu nasci. Apelidei essa gente de "A Vila", porque eles me lembram os personagens do filme com este nome do M. Night Shyamalan, o diretor de Sexto Sentido. O filme conta a história de um grupo de pesquisadores que resolveu fugir da violência do mundo atual. Eles foram criar os filhos no meio de uma floresta. Lá, usando roupas antigas, tentam viver em harmonia, como se o tempo tivesse parado e aquela fosse uma vila do século 18.



É comum eu chegar de carro e A Vila estar saindo. Fico puto da cara porque eles demoram muito para sair ou para chegar. Ficam pegando as mochilinhas da Vilinha, sempre esquecem de alguma coisa... e fazem tudo isso com as portas abertas, o que me impede de estacionar o carro na minha vaga. Mas A Vila não está nem aí. Eles saem do carro e atravessam a garagem alheios ao mundo exterior. Teve um dia que eu tentei sair com pressa e bati em um carro que estava atrás. Desci, olhei com o dono do carro e achei que o pai de A Vila, que estava saindo do carro dele, iria chegar e perguntar ao menos se estava tudo bem. Que nada! Ele passou como se estivesse indo para o castelo. Nem te ligo. E nem boa noite.

Pois há mais de um mês, A Vila sumiu. A vaga está ali, vazia e nada de um carro estacionar. No começo, pensei que eles tivessem ido viajar para algum lugar, o que é raro de acontecer. Depois, que estivessem de férias. Se bem que a Vilinha já deve estar na aula. Pensei, pensei e não cheguei em conclusão nenhuma. O fato é que a vaga está lá e eu fico cheio de vontade de estacionar nem no meio da risca. Garanto que se fizesse isso, A Vila voltaria. Mas não quero que eles voltem. Deus me livre. Espero que tenham partido para Alvorada, cidade que estava na placa do carro deles. E que os próximos vizinhos sejam gentis e educados, como eu. Ou que apenas digam bom dia e boa noite. Não preciso de mais nada.

3 comentários:

Anônimo disse...

Isso é quase um roteiro. vai ver eles não existem no nosso tempo...tipo um cruzamento temporal e eles não percebem quem é da outra dimensão. Agora eles podem estar em uma comunidade do interior da Inglaterra do séxulo XVII com todos achando que eles são bruxos.
silvio

Fala garoto, fala garota. disse...

Mistério e medo. Muito medo.
Meus vizinhos são meio freaks (espero que nenhum deles acompanhe teu blog!) e acho que até simpatizam comigo.
E esse filme é demais.

Lilian Lima disse...

e aí? A Vila voltou??
este filme segue ou já terminou?
tenho medo de filme de terror, ainda mais envolvendo vizinhos.
Neste meu novo prédio tem uma velha mala, mas não chega a ser freak.